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Dentro da Umbanda,
aprendemos a ressignificar o uso de duas substâncias que são bastante
consumidas socialmente e que, no terreiro, assumem um aspecto totalmente
diferente do que se faz na vida cotidiana: tabaco e álcool.
Sabemos que o tabaco é
milenar e usado por várias tribos indígenas em diversos rituais religiosos,
assim como o álcool é utilizado há milênios em rituais religiosos de todo tipo
ao redor do mundo.
Quando a pessoa chega
pela primeira vez no terreiro e vê entidades bebendo ou fumando, imediatamente
associa a bebida e o fumo dentro do terreiro com o que se faz com a bebida e
com o fumo fora do terreiro.
Aí entramos com as
explicações, mostrando que são usos diferentes, falamos dos aspectos
energéticos, etc.
Por esta razão,
deveríamos ter a mente mais aberta em relação a diversos assuntos que sejam tabus,
não é?
Sim, mas com reserva!
Eu tive duas
experiências com Ayahuasca e foram maravilhosas, intensas, profundas e
marcantes espiritualmente. Essas experiências não aconteceram em terreiro, mas
me foram muito úteis para o que eu faço dentro do terreiro.
Logo, eu compreendo que
realmente existam plantas de poder e que, se bem utilizadas, elas realmente possam
trazer inúmeros benefícios espirituais. Mas, e a maconha nessa história?
Quando ouvi pela
primeira vez alguém dizendo que uma entidade recomendou que usasse maconha,
pensei: isso não pode ser sério!
Contudo, este ano já
conversei com três pessoas, todas de São Paulo, narrando a mesma coisa: as
entidades (um preto-velho e dois exus) recomendaram que elas usassem maconha,
dizendo que é uma erva de poder, que ajuda no despertar espiritual, etc.
Assim, resolvi abordar
o assunto, dando a minha opinião, com base naquilo que já ouvi dos espíritos.
É possível que em algum
lugar a maconha seja mesmo uma planta de poder, usada dentro de certos
contextos, com determinados fins. Como quem já fez uso da Ayahuasca em
cerimônias religiosas (que, diga-se, é legal no Brasil), eu não posso dizer
que, em algum lugar, em algum contexto, ela realmente não seja benéfica...
Contudo, creio
fortemente que, assim como fizeram com o tabaco (usado e banalizado pela
indústria) e com o álcool (usado e banalizado pela indústria), a maconha também
foi desambientada e descontextualizada das comunidades que dela faziam uso com
os mais diversos fins, pois foi transformada em droga viciante de imenso
potencial destrutivo.
Além de ilegal, é
produzida das formas mais bizarras possíveis e incrementada com uma série de
produtos químicos, viajando até o Brasil por meios clandestinos e por mãos
criminosas que, não raro, estão envolvidas com todo tipo de atrocidades...
Ao chegar ao Brasil, é
distribuída em pontos de tráfico onde ocorrem todo tipo de violência, causando
a morte de pessoas inocentes em conflitos de toda ordem...
Como algo assim pode
ser sagrado?
Se uma entidade
recomenda alguém usar maconha, este alguém vai buscá-la onde? Com que tipo de
energia estará lidando?
É claro (e
cientificamente comprovado) que vários princípios da mesma podem ter efeito
medicinal (não estou discutindo isso), mas não creio que haja benefício numa
droga produzida de qualquer jeito, banhada em diversas substâncias químicas,
traficada por mãos de bandidos (e carregada de energias da violência) possa, de
fato, produzir algum benefício espiritual em alguém...
Creio que foram os
próprios médiuns que falaram pelas entidades.
Certa feita uma professora me disse: "o segredo da tolerância não é tolerar tudo, mas saber o que tolerar".
Certa feita uma professora me disse: "o segredo da tolerância não é tolerar tudo, mas saber o que tolerar".
Daqui a pouco, começarão a surgir (se é que já não existem) relatos de entidades que ao invés de tabaco fazem uso de maconha nas giras...
Leonardo Montes
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