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Um dirigente de terreiro é um médium como qualquer outro,
sem nenhum poder especial, tão falível quanto qualquer outro ser humano, porém,
com a responsabilidade de conduzir um determinado grupo mediúnico que forma um
terreiro.
Contudo, muitos dirigentes traem seus “votos” e ao invés de
se transformarem em pontes entre a espiritualidade e a Terra, se tornam
verdadeiro pedágios da fé alheia. É sobre isso que quero falar hoje.
Não são raros (infelizmente) os relatos que chegam até mim
de dirigentes com conduta abusiva, por vezes, em forma de chantagens, perseguições
e ameaças e que transformam o terreiro de um “lugar sagrado” em uma “prisão
sagrada”.
É importante deixar claro que essas condutas abusivas não
surgem da noite para o dia, mas são construídas ao longo do tempo, conforme aumenta
a confiança entre a pessoa e o dirigente.
Entretanto, justamente por não surgirem repentinamente,
elas deixam uma série de rastros que precisam ser considerados com atenção,
afinal, é a vida e a fé da pessoa que estão em jogo.
Este assunto é severamente extenso e seria necessário muito
tempo para abordar, de modo amplo, todas as condutas negativas que os
dirigentes podem ter em relação a alguém.
Contudo, para abreviar, listarei apenas as três condutas
abusivas mais comuns de que tenho notícias:
Pedidos incessantes de dinheiro
É muito comum as pessoas me procurarem dizendo que foram em
algum terreiro e que o dirigente pediu algum dinheiro (geralmente, menos de cem
reais), para fazer um trabalho para abrir seus caminhos.
Só este fato já seria suficiente para acender a
luz amarela, pois Umbanda é caridade e é gratuidade.
Como, porém, existem casas que cobram do consulente pelo menos o material de
trabalho, vamos considerar que é pelo menos aceitável a cobrança dos
materiais utilizados em algum trabalho em favor de alguém.
Porém, logo essas pessoas voltam e, desta vez, o dirigente não
pedirá mais cem reais... Dirá que agora a coisa é mais séria, que alguém fez um
trabalho e que para desfazer será necessário pagar quinhentos reais. Aqui, o
bom-senso já deveria dizer para nunca mais voltar naquele local, porém,
muitas vezes as pessoas estão cegas e acabam pagando.
Logo, volta o dirigente dizendo que o caso era mais sério
do que ele pensava, que a magia era ainda mais negativa e que será preciso
pagar pelo menos dois mil reais para fazer um novo trabalho, que serão
necessários muitos (e caros) elementos, etc. Com medo, a pessoa paga.
Daqui a pouco, ele inventará outra mentira e mais outra.
Enquanto puder tirar vantagem em cima da pessoa, ele tirará e muitas vezes a
pessoa só acordará quando já estiver devendo o banco, sem dinheiro para pagar o
aluguel, para abastecer o carro, etc.
Isto é um verdadeiro crime espiritual e humano e se
isso aconteceu com você, aconselho que procure seus direitos e seja mais cuidadoso
com a sua fé...
Ameaçar trancar os guias ou caminhos
Alguns terreiros agem como aquelas seitas malucas dos
filmes americanos: você pode entrar, mas não pode sair. Se você manifesta
discordância do dirigente ou desejo de se desligar da casa, ele manipulará os
outros contra você, inverterá a situação colocando-se como vítima e, se tudo o
mais falhar, ele simplesmente te ameaçará.
Dirá que você pode ir, mas seus guias ficarão, que ele os
amarrará na tronqueira. Que irá trancar seus caminhos, que você nunca mais será
feliz, que terreiro algum te aceitará e tudo o mais que sua fértil imaginação
conseguir conceber.
Essas ameaças mostram a falta de estrutura espiritual de
uma casa assim e, por mais doa se afastar do local que, muitas vezes, foi a
primeira casa a te abrir as portas, no fundo, ele está te fazendo um favor,
pois alguém que age assim é forte candidato a tratamento espiritual em algum
sanatório espírita, não na direção de um terreiro.
Imagina se um dirigente que é, em essência, um “comedor
de feijão” como qualquer outro, teria poder de amarrar algum guia ou de
prendê-los em algum lugar... Coisas assim só surgem em mentes enfermiças!
Da mesma forma, de onde ele tiraria poder para trancar os
caminhos de alguém? Que força esse dirigente teria sobre os destinos alheios?
Se você está em uma casa em que o dirigente faz isso com
outras pessoas, não espere chegar sua vez: saia o quanto antes. Esse
tipo de pessoa só serve para adoecer os outros, nada mais!
Abuso sexual
Pode parecer um contrassenso, mas é uma realidade: existem
dirigentes que abusam sexualmente das pessoas. E isso ocorre de diversas
maneiras.
Eu já tive o desprazer de ouvir de algumas pessoas que
foram pedir ajuda em um terreiro e o “exu do dirigente” disse que poderia
ajudar se a pessoa aceitasse dormir com ele.
É, isso mesmo: a “entidade” incorporaria no médium e teria
relações sexuais com o consulente, seja homem ou mulher.
Dá para acreditar?
Não é incomum também ouvir relatos do tipo: o malandro do “pai
de santo” me disse para ir na casa dele sozinha que ele viria para fazer um
trabalho em mim...
Pelo amor de Deus, não caiam nisso!
Nenhuma entidade séria de Umbanda proporia uma coisa assim,
nenhum dirigente sério sequer cogitaria de algo dessa natureza, é um verdadeiro
absurdo!
A primeira lembrança que tenho de pombagira foi de quando
eu era ainda criança e ouvi no rádio que um suposto “pai de santo” havia sido
preso por abuso sexual de uma menor que, segundo o mesmo, tinha uma “pombagira”
naquele lugar e que o remédio para o caso estava no meio de suas pernas...
Por mais que isso soe fantasia, é a realidade sendo mais
cruel que a ficção.
Assim, por favor, não caia nisso e denuncie esse tipo de comportamento
à polícia. É algo imoral, inaceitável, um crime!
Conclusão
Nenhum dirigente deveria seguir por estes caminhos, assim como
nenhuma pessoa. Os dirigentes deveriam usar com responsabilidade a atribuição
que receberam da espiritualidade e nunca praticar abusos desta natureza.
Porém, estamos num mundo de provas e expiações, as
imperfeições pululam por toda parte e ninguém está completamente livre dos
erros.
Portanto, você que se interessa pela Umbanda, exercite
sempre uma fé raciocinada e lembre-se sempre que Umbanda é uma religião
de paz, amor e caridade: o que fugir disso é charlatanismo em nome da religião
(o que, aliás, acontece em todas elas).
Leonardo Montes
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