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A “linha das pombagiras”
é composta por espíritos que, na Terra, pertenceram as mais diversas etnias e
estratos sociais. A característica comum desta linha é que, enquanto mulheres
(pois é uma linha exclusivamente feminina, ao contrário das outras), todas são
espíritos de natureza inferior (se comparadas a uma preta-velha ou a uma cabocla,
por exemplo), algumas com severas dívidas adquiridas no passado e que receberam
da espiritualidade a oportunidade de auxiliar para o bem.
Espíritos inferiores
Os termos “inferiores”
e “superiores” causam arrepios em muitas pessoas, mas não incomodam essas
entidades. Elas mesmas, com frequência, dizem que são, ainda, espíritos de
natureza inferior, presas ao passado, não raro, por uma série de elos negativos
que procuram, agora, desfazer.
Contudo, é preciso
entender que essa “inferioridade” é relativa, comparativa: elas são inferiores
se comparados às entidades da direita, por exemplo. Portanto, não há demérito
ou qualquer ligação com a prática do mal, pelo contrário: são espíritos
que já se cansaram de permanecer no mal, no erro, no engano, por isso desejam
crescer e por isso atuam como pombagiras.
A maioria se encontra
em um nível evolutivo muito semelhante a da mulher comum. Por isso, são as
entidades próximas da matéria e por isso atuam na esquerda, conforme já
estudamos anteriormente.
Nome
Quando a linha dos exus
começou a se manifestar mais diretamente nos terreiros de Umbanda (pelos idos
de 1940), percebia-se, quase sempre, que vinham acompanhados de entidades
femininas que, a princípio, se definiam também como exus.
Contudo, como o termo
exu vem de Orixá Exu, que é uma figura proeminente masculina, as pessoas
começaram a chama-las de pombagiras, que era uma corruptela de Pambu Njila, um
Inquice Bantu, semelhante a Exu, mas que em algumas casas de influência Bantu
era cultuado como uma divindade feminina.
O termo Pambu Njila,
quando falado rapidamente, produz uma sonoridade muito semelhante ao termo
pombagira (e suas variações, como bombogiras, por exemplo). Esta é a provável
origem do nome, que caiu no gosto popular e que não incomodou as entidades.
Campo de atuação
Atuam, principalmente,
nas áreas afetivas: amor, amizade, família, enfim, em nossa vida
sentimental.
Como mulheres que um
dia estiveram na Terra e muito erraram, hoje retornam para orientar e
aconselhar aqueles que ainda estão envoltos pelas sombras do exclusivismo no
mundo, sofrendo e fazendo sofrer por sentimentos que ainda não aprenderam a
controlar.
Assim como exus não são
entidades malignas que procuram atormentar as pessoas, as pombagiras igualmente
não são entidades fúteis e mesquinhas prontas a satisfazer a vontade de pessoas
mimadas que desejam sempre impor a sua vontade sobre o outro.
Ao contrário, são
verdadeiras conselheiras sentimentais sempre dispostas a sugerir meios e formas
para a reconciliação e a paz nos lares e nos corações.
Adereços
Algumas pombagiras
pedem adereços como: chapéu, leque, anel, pulseiras, etc.
Elementos
Trabalham com bebidas
alcoólicas de baixo teor, como champanhe, espumante ou sidra. Fazem uso do
tabaco na forma de cigarrilhas ou cigarros comuns.
Estereótipo
Esta é uma linha muito
difícil de ser estereotipada, pois como são espíritos que viveram entre todos
os povos e em todos os estratos sociais, existem pombagiras com os mais
variados comportamentos: algumas são calmas, outras são bravas, algumas são
disciplinadoras, outras são brincalhonas, enfim, a mesma variedade
comportamental humana comum.
Algumas se apresentam
muito bem vestidas, enquanto outras se mostram com roupas tão comuns quanto as
nossas próprias, não há padrão neste sentido, embora a tendência, fantasiosa,
de pintá-las sempre como mulheres sensuais em vestidos vermelhos como se
estivessem prontas a dançar um flamenco...
Falam, quase sempre, de
maneira muito sincera e sem rodeios. A maioria das pombagiras abordam os
assuntos mais íntimos com uma sinceridade capaz de fazer corar os mais
sensíveis. Por esta razão, muitos disputam a possibilidade de conversar com uma,
enquanto outros fogem o quanto podem.
A linguagem empregada
por elas é muito semelhante a linguagem humana comum, podendo mesmo
impressionar, tanto pela sinceridade, quanto pela aspereza, quem não esteja
familiarizado com estas entidades.
É preciso recordar,
entretanto, que como entidades que atuam para o bem, uma pombagira nunca
fala com o propósito de ofender ou humilhar, mas como quem muito sofreu nos
caminhos do coração e aprendeu as dolorosas lições afetivas.
Homem incorpora
pombagira?
É curioso que uma
mulher receba um caboclo ou um preto-velho e ninguém se impressione. Aliás, ela
também recebe exu, que é uma figura masculina proeminente e também ninguém se
espanta.
Contudo, quando um
homem recebe uma pombagira, logo surgem olhares estranhos, pessoas temendo por
sua sexualidade, crendo que se tornará “afeminado” e coisas do tipo.
Esses temores revelam o
quanto nossos preconceitos ainda nos assolam, mesmo dentro da religião...
Assim como a mulher não
se “masculiniza” quando recebe um exu, um homem não se “efeminiza” quando
recebe uma pombagira.
Aliás, receber uma
pombagira, uma energia feminina, levará o homem a dar cada vez mais valor às
mulheres...
Conclusão
As pombagiras chegaram
na Umbanda juntamente com os exus, em meados da década de 1940 e, desde então,
e cada vez mais, consolidaram seu espaço como entidades que muito auxiliam os
filhos de fé em seus problemas sentimentais, através de sábios conselhos.
Infelizmente, a
ignorância ainda predomina em relação a elas. Creio que levará bastante tempo
para desfazer todos os enganos criados na sociedade sobre estas entidades.
Até a próxima aula!
Leonardo Montes
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