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O sacrifício animal (abate
religioso) não é um fundamento da Umbanda, de tal forma que a maioria das casas
de Umbanda não o pratica. Entretanto, se o sacrifício não é um fundamento (isto
é, um princípio básico), por que algumas casas o fazem?
História
Entre as instruções deixadas
pelo Caboclo das Sete Encruzilhadas (C7E) e praticadas ainda hoje na TENSP
(Tenda Espírita Nossa Senhora da Piedade), não consta o sacrifício de animais.
É por esta razão (e pelo fato dos registros das primeiras casas de Umbanda não
mencionarem o sacrifício), que podemos afirmar com segurança que o sacrifício
animal nunca fez parte dos fundamentos da religião.
Conforme já dissemos anteriormente
neste estudo, a Umbanda nascente se aproximava muito mais do Espiritismo que dos
Candomblés. Essa aproximação começou a se diferenciar no final da década de
1940, quando a Umbanda começou a se popularizar e os dirigentes dos terreiros, sentindo
necessidade de buscar mais informações sobre o culto aos Orixás se aproximaram
de casas de Candomblé (especialmente, o Ketu).
Assim, muitos dirigentes de
terreiros acabaram se iniciando também no Candomblé sem abandonar seu terreiro
de Umbanda, dando origem a uma “vertente” de Umbanda chamada frequentemente de:
Umbanda traçada ou Umbandomblé (mistura de Umbanda com Candomblé).
Nestas casas é comum o
dirigente realizar o sacrifício animal que aprendeu no Candomblé, pois ele
trouxe para dentro da sua casa de Umbanda um fundamento que, essencialmente,
não pertence a ela.
Consumo de carne
Para boa parte das pessoas na
sociedade brasileira, o sacrifício animal beira o repugnante. Não raro, as
pessoas se indignam quando ouvem falar no assunto e, com muita frequência, pipocam
na internet polêmicas sem fim sobre isso.
Contudo, para boa parte dos
brasileiros, essa repugnância é realmente uma hipocrisia sem tamanho, tendo-se
em vista que boa parte dos brasileiros que são contra o sacrifício animal consomem
carne regularmente.
Dói a consciência saber que uma casa pratica o sacrifício animal, mas não dói o mesmo tanto na
hora do churrasco ou na fila do açougue. Então, reflitamos: Se a ideia de um
sacrifício animal, num ritual religioso, soa tão asquerosa, por que não parar
de comer carne, já que os animais são sacrificados, simplesmente, para atender
a nossos apetites?
O sacrifício
A primeira coisa a ser dita
sobre o sacrifício animal, em relação às casas que o praticam, é que o animal
costuma ser melhor tratado do que os que se encontram no campo para nos servir
de bife à mesa (eu trabalho no campo, e sei...)
O animal que será sacrificado
é visto como um ser a ser sacralizado, portanto, um ser que merece todo cuidado
e respeito.
Há um sentido religioso na
concepção do sacrifício que pode ser de difícil compreensão a quem esteja de
fora, contudo, recomendo que este assunto seja pesquisado por quem desejar maiores
aprofundamentos. Por limitação do meu conhecimento, comentarei brevemente sobre
o assunto.
Acredita-se que o sangue do
animal possua axé (uma espécie de energia divina), quando o animal é
sacrificado e seu sangue é ofertado aos Orixás, esse axé circula e é absorvido
pelas pessoas presentes, gerando mais vitalidade, saúde, paz, prosperidade,
etc.
É certo que há um sentido mais profundo (veja este vídeo). Contudo, para a análise que estamos fazendo, este
conceito é o suficiente.
Quando estas casas realizam sacrifícios,
estes ocorrem sempre em determinadas cerimônias, específicas, não todo dia,
toda hora. Assim, não ocorre uma carnificina (claro, existem casas sem
fundamento...), mas um abate religioso, sendo a carne do animal preparada e servida
à comunidade.
Em certas regiões do Brasil onde predomina a pobreza, a única fonte de
carne provém dos terreiros que realizam o sacrifício religioso e distribuem a
carne para as pessoas do entorno. Você sabia disso?
Assim, trago estas informações
não para defender o abate religioso, mas para que o debate não se polarize em
discursos rasos, frequentemente repetidos sem maiores reflexões.
Sacrifícios na Umbanda
Nunca realizei um sacrifício
animal (eu como carne) e nunca participei de um ritual que o exigisse. Na doutrina que
praticamos (cuja concepção a este respeito a maioria dos terreiros compartilha),
não há o menor sentido em sacrificarmos um animal.
Jamais conversei com uma
entidade que pedisse ou dissesse que era necessário, nossa casa nunca derramou uma
gota de sangue, mas nem por isso eu odeio as casas que porventura façam.
Na verdade, nem penso nelas. Sigo
aquilo que as entidades sempre me ensinaram:
- Não concorda? Então, não
faça!
É certo que o sangue possui
axé (que interpreto como sendo o fluido vital), contudo, existem outras formas
de consegui-lo, como por exemplo, as folhas, as bebidas, o fumo e tudo o mais
que os terreiros utilizam para as firmezas/tronqueira e que substituem
completamente a necessidade de sangue.
Por esta razão, tendo em vista
a quantidade de pessoas que as reflexões me oportunizam conversar, posso
garantir que a imensa maioria dos terreiros de Umbanda nunca fizeram um
sacrifício animal.
Até a próxima aula!
Leonardo Montes
De fato, muitas opiniões a respeito da Umbanda e do Candomblé são cercadas de preconceitos e hipocrisias! Mais ou menos assim, a religião do outro pode fazer a mesma coisa, só que com outro nome e maneiras diferentes, a Umbanda e o Candomblé, por nascer da mistura cultural negra e indígena,não!
ResponderExcluirIsso aí.
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