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Os Orixás cultuados pela
Umbanda e pelo Candomblé são os mesmos. A diferença corre apenas pela forma do
culto e pela concepção do que sejam. Embora isso possa, a princípio, confundir
muitas pessoas, na realidade se trata de um processo muito simples.
Tente imaginar, antes de tudo,
que estamos falando de crenças muito antigas, talvez, com milhares de anos, que
se espalharam por diversas regiões e que foram reinterpretadas de diversas
formas por cada povo que as assimilou.
Quando o culto chegou ao
Brasil, por exemplo, os Orixás foram associados aos Santos do Catolicismo
(conforme estudamos no Cap. 08) e sofreram, mais uma vez, processo de adaptação
e sobrevivência.
Este processo é comum em todas
as religiões, sem exceções.
É isto que explica a
multiplicidade de sentidos e de interpretações que se pode dar a um mesmo
assunto. Assim, não é raro encontramos pessoas que compreendem os Orixás, como:
forças da natureza; ancestral divinizado; irradiações de Deus; espíritos, etc.
São muitas leituras e todas
elas são compreensíveis se imaginarmos que estamos falando de forças
muito evoluídas e que escapam ao nosso senso comum sobre as realidades
espirituais além do nosso alcance.
Como definir, por exemplo, um
ser tão evoluído que ao se mostrar se apresente tão luminoso quanto um
segundo sol? Não seria difícil chama-lo de Deus, certo?
Assim, tenho comigo que os
deuses de todas as religiões, bons ou maus, nada mais eram do que as percepções
de espíritos que se apresentavam de forma tão elevada (ou negativa) que
inspiraram contos que se transformaram em lendas sobre antigas divindades...
No fundo, eram apenas
espíritos, como nós: uns mais, outros menos evoluídos...
Mundo Espiritual
No Mundo Espiritual não há
saltos.
As coisas se desenvolvem lenta
e gradativamente. Os espíritos são chamados a auxiliar os homens conforme suas
próprias capacidades.
Conforme aprendem e evoluem,
porém, recebem maiores responsabilidades e assim, numa escalada gigantesca, atingem
a perfeição espiritual, cuja referência máxima neste sentido é o próprio Jesus
que, um dia, também foi como um de nós.
O guia espiritual de um
médium, cuja responsabilidade pese apenas em velar seu tutelado, conforme evolua,
terá novas atribuições, novas pessoas a quem proteger e conforme ascenda espiritualmente,
receberá mais atribuições, aumentando cada vez mais seu leque de atuação até
que receba, por exemplo, a tutela de um bairro inteiro, de uma cidade, de um
estado, de um país, de um continente, de um planeta (e as entidades me disseram
que há mesmo aqueles espíritos que são responsáveis por toda uma galáxia!) – dá
uma certa vertigem pensar nisso...
Cada um recebe a tarefa que
está apto a executar e por esta razão jamais devemos sofrer por não ocuparmos
papéis que não nos pertençam, pois tudo é sábio na providência!
Assim, não há diferenças
substanciais de uma alma como a de Jesus (nosso governador planetário) e a
minha, pois fomos criados por Deus! O que nos separa é apenas o processo
evolutivo: Jesus está lá na frente, enquanto eu ainda estou na largada...
Porém, um dia, eu também chegarei lá!
Logo, tudo evolui em matéria
de espírito, sendo nossos guias, hoje, o que os Orixás foram, ontem!
Orixás
Orixá é um cargo espiritual,
semelhante ao de governador de um povo. Não é sem razão que, na África, cada povo cultuava o seu Orixá protetor, isto é, o Orixá responsável
pelas pessoas de uma comunidade.
No Brasil, por exemplo,
fala-se muito do “Anjo Ismael”, protetor espiritual do Brasil. A função que
Ismael desempenha no Brasil é semelhante a que um Orixá desempenha, na África.
São cargos espirituais que
para serem ocupados necessitam de espíritos de altíssima evolução. Logo, Orixá
não é um ser, uma individualidade, mas um cargo de imensa responsabilidade na
direção dos povos.
Quando o culto veio para o
Brasil, o Orixá deixou de ser apenas o “protetor da tribo”, para se tornar o
mantenedor de imensas falanges espirituais que atuam no mundo. Tanto é que, não
raro, vemos caboclos dizendo que são “soldados” de determinado Orixá, isto é,
trabalham, vibram, na linha de tal Orixá.
Assim, quando falamos em
Oxóssi, não estamos falando de um indivíduo chamado Oxóssi, mas de um espírito
extremamente evoluído que ocupa o “cargo de Oxóssi” e que está ligado, por
extensão, às entidades que atuam junto as matas, florestas, etc.
Santos
Sabemos que muitos Santos da igreja
católica foram adaptados de crenças de outros povos.
Porém, alguns foram pessoas reais e que se destacaram por serem pessoas nobres,
de fé e ocupam hoje o cargo de intermediários entre Deus e os homens.
A tradição católica popular
elevou estas figuras a algum patamar onde são capazes de intermediar as ações
humanas juntamente a Deus e assim, no correr dos séculos, essa tradição
religiosa se tornou tão enraizada em nossa cultura que, para muitas famílias, é
natural a devoção a um determinado Santo.
Essa devoção influenciou,
inclusive, nossos costumes.
Temos vários feriados motivados por tradições
católicas e mesmo nossas cidades recebem como “padroeiro” algum Santo.
Neste ponto, quero chamar a
sua atenção para a similaridade, embora todo o contexto diverso, entre o Orixá
protetor dos povos Iorubás e os Santos protetores das cidades, tanto no Brasil,
quanto em vários países do mundo, pois elas guardam a mesma essência: a de que
existem forças superiores às nossas que cuidam de nossas cidades, de nossa “gente”.
O conhecimento sobre o Mundo
Espiritual sofre os coloridos e contornos de cada povo e de cada cultura.
Porém, a um olhar atencioso, é possível perceber como expressam as mesmas
ideias, se bem que com maneiras diferentes.
Fé
O que importa, acima de tudo,
é a fé.
As entidades de Umbanda sabem
muito bem disso e, por esta razão, não discriminam nenhuma crença: se a pessoa
tem fé num Orixá (qualquer que seja sua concepção de Orixá), a entidade
incentivará que se apegue a essa fé, que ore para este Orixá; Se a pessoa tem
fé num determinado Santo, a entidade também instigará essa fé, por que sabe que
acima das formalidades e crenças, o ato da oração não se perderá e toda rogativa
sincera encontrará resposta!
Portanto, reitero o que já escrevi
em outros capítulos: a diversidade é valor da Umbanda, não defeito! Ninguém
deve desprezar sua tradição ou seus costumes, simplesmente, por que aceitou
fazer parte de um terreiro, pelo contrário, observará que cada vez mais
encontrará um ambiente saudável religiosamente onde poderá deixar sua bagagem
confortavelmente, ao passo que tantas outras novas concepções lhe serão
acrescentadas.
Assim, se você reza para Ogum
tendo nele o “senhor dos metais” o “Orixá guerreiro” ou se você simplesmente reza
para “uma força guerreira”, tanto faz. Se você reza para São Jorge, vendo-o montando
em seu cavalo ou apenas como uma metáfora, não importa: se a sua fé for verdadeira,
sua rogativa será ouvida!
Até a próxima aula!
Leonardo Montes
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