Curso Básico de Umbanda
CURSO BÁSICO DE UMBANDA - CAP. 14 - A TENDA ESPÍRITA NOSSA SENHORA DA PIEDADE
2
Comentários
![]() |
Tenda Nossa Senhora da Piedade - Imagem do google |
Ainda em sua primeira manifestação na casa de Zélio de Moraes,
o C7E teria dito que, assim como Maria (mãe de Jesus) acolhe a todos, a nova
casa também o faria, aprendendo com quem soubesse mais, ensinando aos que
soubessem menos e a ninguém virando as costas. Nascia a Tenda Espírita Nossa Senhora da Piedade.
Vejamos algumas palavras de Leal de Souza, em seu já citado
livro, sobre esta casa:
“Sob a presidência do Sr.
Zélio Moraes, médium do Caboclo das Sete Encruzilhadas, erigida em sítio
tranqüilo, entre arvores, a Tenda Nossa Senhora da Piedade é a casa humilde dos
milagres...” Pág. 72
“A média mensal das curas de
obsedados que iriam para os hospícios como loucos, é de vinte e cinco doentes,
na Tenda da Piedade. Os espíritos que baixam nesse recinto não procuram
deslumbrar os seus consulentes com o assombro de manifestações portentosas, mas
as produzem muitas vezes, que lhas exigem as circunstâncias.
Os auxiliares humanos do
Caboclo das Sete Encruzilhadas, na Tenda que é, por excelência, a sua Tenda,
mesmo os que têm posição de revelo na sociedade, não se orgulham dos favores
que lhes são conferidos e procuram, com doçura e humildade, merecer a graça de
contribuir, como intermediários materiais, para a execução na Terra, dos
desígnios do espaço.” Pág. 73
Ainda em sua primeira
manifestação, o C7E determinou que o uniforme seria o branco e que não se deveria
usar calçados (ou calçados de algodão). Os pontos seriam cantados sem ajuda de atabaques (há uma
entrevista em que Zélio diz que para o chefe, atabaque era perda de tempo),
assim como não se podia bater palmas para acompanhar o ritmo.
Nenhum trabalho poderia ser
cobrado e todos que quisessem trabalhar deveriam fazê-lo pela caridade.
A Tenda Nossa Senhora da
Piedade (TENSP, para facilitar), notabilizou-se pelo socorro aos “loucos” e
pelo incansável trabalho espiritual realizado. Há um documento, disponibilizado
por Lilia Ribeiro, provavelmente da década de 1970, e que nos dá dimensão do
trabalho:
Segunda – caboclos;
Terça – caboclos e pretos-velhos;
Sexta – pretos-velhos.
Além disso, haviam sessões de
desenvolvimento mediúnico, fechadas ao público, às quartas-feiras, divididas em
duas partes: a primeira hora, com o desenvolvimento propriamente dito e a
segunda, quando os trabalhadores poderiam se consultar com os guias da casa.
Na primeira quinta do mês
havia uma sessão especial com o C7E e nas demais quintas havia um grupo de
estudos, além de tantas outras tarefas. Haja fôlego!
O regimento interno da TENSP
nos dá a impressão de que a casa era muito simples, bem organizada e
disciplinada. Tudo ocorrendo conforme as determinações do chefe (como era
chamado o C7E) e creio que assim continua até hoje.
A TENSP funcionou em vários locais do Rio de Janeiro e todos, infelizmente, se perderam. Em 2011, a primeira casa
da TENSP foi demolida, o que causou muito reboliço na internet. As pessoas se
indignavam com o “descaso”.
Porém, recentemente, na
palestra já citada em outros textos desta série, Leonardo Cunha, bisneto de
Zélio, reforçou que sempre houve preocupação da família em preservar a tradição
e não necessariamente estruturas, sendo que seu bisavô era contrário a qualquer
iniciativa que visasse culto, seja a personalidade dele, do chefe ou da tenda.
Além do mais, arrematou essa
questão polêmica com um pensamento muito simples: Onde estavam essas pessoas
que se indignaram pela derrubada da casa? Se queriam tanto preservá-la, por que
não fizeram alguma coisa? Os membros da TENSP não tinham condições de comprar o
imóvel que havia sido vendido, muitos anos antes, para outras pessoas...
![]() |
Imagem do google |
E isto é uma boa síntese do
comportamento brasileiro na internet, ainda mais sobre as questões espirituais: reclama
muito, produz pouco...
Alabanda
Hoje se sabe que,
inicialmente, o nome do novo “culto” era Alabanda (Ala seria um aportuguesamento
da expressão Alláh (Deus, em árabe), e banda (povo). Alabanda seria algo como: Povo
de Deus. Era uma homenagem que o C7E havia feito para Orixá Mallet, uma das
entidades que se manifestavam através de Zélio e que teria sido muçulmano em
sua última encarnação.
Porém, o nome não soava bem e
em algum momento foi substituído por Aumbanda, sendo Aum (Deus), banda
(povo), mantendo o significado original, mudando apenas a forma de se escrever.
Acredita-se, contudo, que com
o passar do tempo, as pessoas ao falarem o nome do “culto” de forma apressada (faça
o teste mentalmente) – Aumbanda, acabaram separando o “A”, transformando-o
em artigo para se referir a nova religião: a umbanda, portanto, Umbanda!
Existe a palavra “umbanda”
entre os povos Bantus, onde é empregada como sinônimo de “curandeiro”, o que
fez com que muitos pesquisadores no passado associassem a religião a estes
povos (que no Brasil foram responsáveis por formar a nação Congo-Angola, do
Candomblé), porém, como vimos, o nome da religião simplesmente não tem nada a
ver com isso.
Atualmente
Atualmente, a TENSP realiza
uma sessão pública mensal e está situada na rua José Ribamar Pereira Ramos,
271, em Cachoeira de Macacu, Rio de Janeiro, num sítio extremamente exuberante
em natureza, com córrego, pedreira, enfim, o sonho de qualquer terreiro...
O número de visitantes é muito
grande, razão pela qual, atualmente, é preciso agendar com antecedência a sua
visita. Para se ter ideia, não há mais vagas para 2019 e o calendário de 2020
já está se formando.
A TENSP mantém seus trabalhos
conforme trazidos pelo C7E há 110 anos.
Até a próxima aula!
Leonardo Montes
Até a próxima aula!
Leonardo Montes
Dónde puedo hacer el curso para obtener certificado?
ResponderExcluirNa Umbanda que pratico, quem certifica é a vida.
Excluir