Origens dos sonhos

Diferentes tipos de sonhos

sonhos


Do ponto de vista espiritual, são basicamente três as origens dos sonhos:

1. Sonhos como uma linguagem simbólica do inconsciente;

2. Sonhos como produto de uma influência espiritual obsessiva;

3. Sonhos como reflexos de experiências espirituais durante o sono físico.

Em essência, são basicamente estas as variantes. Vamos analisá-las.

Linguagem simbólica do inconsciente

Engana-se quem, porventura, pense que a mente foi desvendada pela ciência. A bem da verdade, penso que ela continua tão misteriosa hoje quanto na época dos primeiros estudos psicológicos.

O fato, porém, é que a maioria dos psicólogos e demais estudiosos concordam sobre a existência de uma “parte” da nossa mente muito pouco ou mesmo nada sondável que chamamos de inconsciente.

Para formar uma imagem, imagine um Iceberg. A parte visível do mesmo no mar seria a “porção” consciente de nossa mente e toda a parte submersa (a maior parte) seria a “porção” inconsciente da nossa mente.

Uma outra forma de se pensar o inconsciente é imaginá-lo como o porão da nossa mente. Nele ficam guardados tudo aquilo que vimos, ouvimos, pensamos ou sentimos.

Para não nos alongarmos em conceitos psicológicos, podemos dizer que alguns sonhos são produtos do inconsciente, talvez, uma tentativa de comunicação com a “parte” consciente da nossa mente.

Assim, tudo aquilo que vemos, ouvimos, sentimos, pensamentos, desejamos, tememos, etc., se projeta, através dos sonhos, em imagens, histórias, situações que, na verdade, se encontram dentro de nós mesmos e que apenas buscam uma alternativa, um caminho, para serem compreendidas através da consciência.

Os sonhos cuja causa está no inconsciente, quase sempre “falam” sobre coisas do nosso dia-a-dia e que traduzem a nossa vivência cotidiana. Geralmente não são muito claros, podem ser confusos, sem nexo, misturando uma variedade de sentimentos e contextos num mesmo “momento”.

Influência espiritual obsessiva

A influência espiritual obsessiva, embora não seja estudada cientificamente, é uma antiga e conhecida causa de sonhos entre os estudiosos das religiões espiritualistas.

Um espírito obsessor é um espírito que, por uma razão qualquer, está influenciando negativamente uma pessoa encarnada (definição clássica e utilizada como exemplo neste texto).

Esta influência pode ocorrer de diversas maneiras, sendo uma delas o sonho. O espírito pode, através da sua energia negativa, envolver energeticamente a pessoa-alvo e induzi-la, mentalmente, a ter experiências muito desagradáveis.

Aliás, é característica deste tipo de sonho a experiência desagradável.

Nestas situações, o espírito pode plasmar, mentalmente, formas, lugares, situações, pessoas, etc.

Importante destacar que nenhum espírito é capaz de assumir a aparência de outra pessoa, porém, pode induzir uma imagem mental, como todos nós somos capazes de fazer ao imaginarmos uma pessoa fazendo qualquer coisa, por exemplo.

Estes sonhos, portanto, não são frutos de processos inconscientes, mas da influência mental de outra mente (no caso, desencarnada) sobre a da pessoa encarnada. Neste sentido, o espírito pode plasmar/induzir projeções que causem medo ou pânico conforme os medos e anseios de cada um.

Por exemplo, tal pessoa tem um medo terrível de ladrão. O espírito, previamente sabendo disso, já que consegue ler os pensamentos com muita facilidade, pode se aproveitar do momento de descanso para induzir sonhos em que um ladrão tente invadir a casa, fazendo, assim, com que a pessoa-alvo tenha uma experiência desagradável e venha a ficar com medo durante o estado de vigília.

Reflexos de experiências espirituais

Embora a causa anterior tenha sua origem espiritual, faço aqui a seguinte distinção: chamo de reflexos de experiências espirituais, as experiências passíveis de serem vivenciadas por todos nós em estado de desdobramento espiritual, isto é, quando o espírito se separa momentaneamente do corpo físico durante o sono corporal e se encontra mais ou menos livre para entrar em contato com outros espíritos ou visitar outros lugares tanto na Terra quanto no plano espiritual.

Esta é uma experiência muito comum entre trabalhadores da mediunidade, por exemplo: sonhar que está em sua casa de fé trabalhando. Porém, neste caso, o trabalho que se executa não é uma lembrança de algo já feito e, embora por vezes pouco nítido, tem-se a impressão de se estar de fato na casa religiosa, vê-se os companheiros de trabalho mediúnico e, por vezes, os próprios guias espirituais com quem frequentemente conversam quando incorporados e que ali se encontram quase “em carne e osso”.

Outro tipo de experiência muito comum neste sentido é a visita de familiares desencarnados, o que pode ocorrer tanto na casa da própria pessoa quanto num outro lugar espiritual, geralmente, mais belo que a paisagem terrena, sendo provável a visita a um posto de trabalho ou mesmo a uma colônia espiritual.

Neste tipo de sonho, tem-se a certeza de não ter sido apenas um sonho comum. Há um quê de veracidade, cuja definição é imprecisa, mas que confere a pessoa a certeza de ter vivido algo legítimo e não apenas um sonho qualquer.

Nestes encontros, podem ocorrer coisas como: revelações sobre o futuro, avisos sobre o presente, alertas e conselhos, etc.

Ao retornar para o corpo físico, a pessoa perde boa parte daquilo que vivenciou, pois o cérebro material não foi feito para registrar com fidelidade as experiências espirituais, restando, no entanto, a essência da experiência vivida.

Interpretando sonhos

Este é um dos pontos nevrálgicos deste texto. A experiência comum popular sempre atribuiu significados maravilhosos e fantásticos aos sonhos, o que quase sempre leva o indivíduo a formar uma ideia errônea a respeito da própria experiência.

Ainda hoje encontramos quem jogue no jogo do bicho após um sonho. O curioso é que a pessoa que possui este hábito e joga com muita frequência, quase sempre não acerta, porém, quando acerta e ganha, interpreta o sonho como uma espécie de aviso e isso acaba funcionando como um viés de confirmação.

Além disso, encontramos também pessoas que pensam existir alguém (ou algo, como um livro de sonhos) que seja capaz de interpretar os seus sonhos. Eu mesmo já fui interpelado diversas vezes por pessoas que tiveram um sonho interessante e queriam compreender o seu significado, procurando por uma interpretação correta que imaginavam que eu poderia lhes oferecer. E aqui está o perigo!

Ninguém pode interpretar o sonho de outra pessoa só porque lhe foi contado, justamente, porque o sonho é uma experiência pessoal. Mesmo em processos de análise, não se interpreta o sonho separado do contexto terapêutico envolvendo o paciente.

Até mesmo em situações que se possa pensar ter um sentido geral, percebe-se que as interpretações são muito diferentes. Por exemplo: há pessoas que se sentem entristecidas num dia chuvoso e frio, enquanto outras se sentem aconchegantes e satisfeitas. O clima é o mesmo, mas a sensação que provoca é diferente em cada pessoa.

Portanto, penso que não exista (pelo menos encarnado) quem possa ouvir o sonho de alguém e dizer se este sonho foi uma experiência espiritual, obsessiva ou fruto do inconsciente ou atribuir este ou aquele significado aos sonhos.

Esta foi a tecla que sempre bati e que faz com que muitas pessoas pensem que eu não acredite em sonhos revelatórios ou nos encontros espirituais, o que não é verdade: o que eu não acredito é que um terceiro possa avaliar, diagnosticar e significar uma experiência que, em essência, é puramente pessoal e subjetiva.

Outras causas

Um ponto importante e que precisa ser ressaltado é que, no início do texto, eu disse que os sonhos são, basicamente, frutos de três situações. Porém, existem outras, menos comuns, como por exemplo, o sonho que se revela uma lembrança de vida passada.

Procure você o significado

Até aqui, o que me parece claro é que o sonho possui sua razão de ser. Se sua origem está em processos ligados ao inconsciente, significa que, de alguma forma, há algo nos sonhos, em sua linguagem simbólica e, por vezes, maluca, que nosso consciente precisa apreender. Isto é um convite para nossa própria introspeção!

Se o sonho se caracteriza por processos obsessivos, traduzindo-se em medos apavorantes, cenas grotescas, etc., é uma forma “da vida” nos convidar à reforma íntima, à oração, a vigilância de nossos atos e pensamentos, pois todas as influências espirituais negativas ocorrem através de nossas brechas em todas essas coisas.

Por fim, se o sonho é uma experiência espiritual positiva, devemos saboreá-la em toda sua intensidade, procurando fixar ao máximo os seus objetivos: é um parente que volta para acalmar seu coração? Você visitou alguma colônia espiritual agradável? Teve uma conversa amorosa com seu guia espiritual? Ótimo, tudo isso tem um sentido e um significado, mas só você será capaz de chegar à essência dessa experiência.

Existem, ainda, muitas outras coisas a serem ditas sobre os sonhos, mas penso que por enquanto está bom.

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Leonardo Montes

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