Penso que a difamação é uma das piores coisas que se pode fazer em relação a outra pessoa. Ela é cruel, bem pouco realista, mas como nasce das entranhas, quase sempre arrebata multidões (e as redes sociais e seus "cancelamentos" aí estão para provar), de modo que precisamos refletir seriamente sobre isso.
Para dar uma ideia mais precisa
do quanto acho desastrosa a difamação, vou contar, resumidamente, uma
experiência vivida por mim e que, graças a Deus, já se resolveu e, por esta
razão, não entrarei em maiores detalhes, porque o importante é o onde quero
chegar.
Houve um momento em que decidi me
afastar do terreiro em que trabalhava. Pensei seriamente nos problemas (de
ordem humana) que a casa enfrentava e decidi que não era mais possível
continuar.
Conversei sobre isso com uma das
entidades que se manifestavam no médium-dirigente, ela concordou com meus
argumentos e então resolvi partir.
Foi uma das coisas mais difíceis
que fiz, porque amava o terreiro com todo o meu coração... Não sai sozinho,
outras pessoas também se afastaram por escolhas próprias.
Porém, sai sem brigar com
ninguém, sem destratar a ninguém, sem falar mal de ninguém, simplesmente, segui
a minha jornada.
Para minha surpresa, contudo,
alguns dias depois, percebi que algumas pessoas desta casa e que faziam parte
de um dos meus grupos de Whatsapp (e quem me acompanha há mais tempo sabe que
tive vários), começaram a fazer algumas postagens estranhas que pareciam me
alfinetar.
Achei aquilo tudo estranhíssimo,
afinal, eu não briguei com ninguém em minha saída. Contudo, logo depois, uma a
uma, elas saíram do grupo e dei o caso por encerrado.
Alguns dias depois, minha esposa
me mostrou uma publicação feita na página do terreiro (que, semanas antes, era
administrada por mim, diga-se...), e aquilo me deixou completamente atordoado.
Havia uma postagem completamente
mentirosa, agressiva e raivosa direcionada não apenas a mim, como também a
outras pessoas que saíram da casa.
Aquilo me doeu de várias formas:
primeiro, porque era a página do terreiro. Página que servia para divulgar os
trabalhos, trazer textos sobre espiritualidade, não para atacar pessoas e, em
segundo lugar, pelo texto mentiroso que ali estava exposto, uma vez que tinha a
certeza de ter sido uma pessoa exemplar em minha conduta no terreiro.
Naquele ponto, percebi que a
minha saída, embora sofrida para mim, fora um certo livramento, pois a
perturbação havia se instalado fortemente na casa.
Resolvi relevar o assunto e segui
com a minha vida.
Dias depois, comecei a receber
mensagens por Whatsapp de amigos, antigos membros da casa e mesmo de alguns
frequentadores que tentavam entender o teor daquelas mensagens difamatórias e
foi ali que percebi que não se tratou apenas de uma mensagem postada na página,
mas diversas. Porém, eu não as conseguia ver, pois estava bloqueado, mas
eles me enviaram alguns prints e era uma mensagem pior do que a outra.
Confesso: eu fiquei com muita
raiva!
Pensei muito no que fazer...
Alguns até me passaram contato de um advogado que poderia intervir, dada a
gravidade do caso.
No entanto, o que mais me doeu,
foi ver nos comentários pessoas que, semanas antes, me procuravam dizendo que
adoravam as minhas explicações, que amavam os meus conteúdos e que ali,
publicamente, endossavam aquelas mentiras todas (a página era enorme, cada
publicação tinha centenas de comentários, dezenas de compartilhamentos).
Não me doeu tanto ver as mentiras
que estavam sendo ditas a meu respeito (outras pessoas também foram difamadas,
mas a obstinação principal era comigo), pois estava claro para mim que a
perturbação havia se instalado em alguns corações previsíveis, mas ver aqueles
comentários realmente me afetou e ali compreendi
uma verdade que ainda hoje vejo com muita clareza: o caminho da Umbanda é
muito bonito, mas é recheado de ingratidão do começo ao fim.
Diante de tudo isso, precisei me
afastar e me acalmar. Rezei muito, pedi muita inspiração aos guias, lembrei-me
do exemplo de Chico Xavier que só fez o bem e levou pedrada a vida inteira e, com
muito custo, consegui relevar.
Agradeci aos amigos o interesse
fraterno e pedi que não me falassem mais no assunto, não me mandassem prints
nem nada. Simplesmente, passei a ignorar o ocorrido – seguramente, foi a prova
mais difícil que já vivenciei até hoje.
Para resumir, é preciso dizer que
as difamações continuaram, não apenas pelo facebook, mas também pelo Whatsapp,
mais de um ano depois de me afastar do terreiro. Várias pessoas que
participavam dos meus grupos, influenciadas pelas difamações e pela pessoa
causadora de todo esse alvoroço, acabaram saindo e algumas até me ofenderam no
particular (novamente: pessoas que sempre ajudei).
O tempo fez o seu trabalho e os
anos se passaram. Um dia reencontrei as pessoas do antigo terreiro. A que mais
me feriu e causou toda essa onda de perturbação pediu perdão, explicou seus
motivos (que apenas confirmaram que se tratou de uma perturbação espiritual
forte, pois eram injustificáveis) e tudo foi resolvido, embora cada um tenha
seguido o seu caminho e a confiança que um dia eu tive, provavelmente, só com o
véu do esquecimento na próxima reencarnação para ser reconstruída...
Porém, posso dizer que “o meu
final” foi feliz, já que eu perdoei, esqueci aquilo tudo e segui com a minha
vida (tanto é que é a primeira vez que falo abertamente no assunto, quase seis
anos depois do ocorrido).
Mas, nem todos conseguiram...
Algumas pessoas envolvidas no
caso e que foram também difamadas até hoje não perdoaram. Outras saíram da casa
e nunca mais vestiram o branco. Decidiram se afastar em definitivo da
religião...
Percebem a tragédia que a
difamação se torna?
Portanto, aqui vai o ponto
fundamental do texto:
a) Se você é
um médium ou cambone de algum terreiro e, por alguma razão, não está contente
com a casa, simplesmente, peça licença, agradeça o chão em que um dia você
bateu cabeça e vá embora. Não perca um minuto da sua vida falando mal deste
terreiro, do dirigente ou de seus antigos colegas: o seu tempo ali chegou ao
fim, siga adiante;
b) Se você é
médium ou cambone de uma casa e, por alguma razão, alguém que era da corrente
saiu, simplesmente, esqueça esta pessoa. Tenha sido um ótimo ou um péssimo
filho da casa, ela seguiu o caminho dela. Para todos os efeitos, é como se ela
nem mais existisse para você;
c) Se você é
dirigente de uma casa, nunca esqueça que sua responsabilidade é enorme. Se você
usar sua posição e influência para difamar alguém, a lei do retorno fará com
que, um dia, seja você o assunto da vez, portanto, não siga por este caminho,
pois além de trair seus votos espirituais, você pode atrapalhar a vida de
alguém e, pior, pode ser a causa da destruição da fé de outras pessoas e a vida
lhe cobrará caro cada lágrima que injustamente você causar aos outros.
O mesmo vale também para os
frequentadores que, por qualquer razão, justa ou injusta, adquiriram antipatia
a um médium ou mesmo a um terreiro.
Se alguém lhe pedir indicação de
uma casa, você não precisa falar mal das outras até chegar na que recomenda: simplesmente,
ignore as que você julga ruim e recomende as boas... Simples assim!
A difamação destrói vidas e a fé
das pessoas.
Eu fico imaginando, por exemplo,
alguém que possua conduta difamatória e que, repentinamente, desencarne,
chegando ao mundo espiritual com a lembrança de que seu último ato na vida
terrena foi difamar alguém. Deve ser muito triste...
Neste texto, foquei o universo
religioso, mas você pode refletir sobre os desdobramentos da difamação em todos
os sentidos: em casa, no trabalho, em relação aos vizinhos, nas redes sociais, etc.
Leonardo Montes
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