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É pratica corrente na religião que uma entidade se
responsabilize pelas atividades do terreiro, geralmente, um caboclo ou um
preto-velho, porém, outras entidades podem assumir esta direção, conforme o
caso.
Chefia Espiritual
Embora o respeito a hierarquia seja um problema entre os
encarnados, para os espíritos é fato comum. Não há disputa ou divergências
neste sentido: o mais evoluído dirige o menos evoluído, em todas as
circunstâncias.
Assim, cada terreiro estabelece a própria equipe espiritual
que será dirigida por uma determinada entidade que se responsabilizará pelas
atividades da casa, administrando-a como faria o gestor de uma empresa na
Terra.
Tal entidade exerce influência sobre todos os espíritos,
bem como sobre todos os encarnados que atuam no terreiro. É ela que decide
quem entra ou quem sai; quem se desenvolve ou não; quem assume tal cargo ou
não, etc.
Estas responsabilidades necessariamente devem ser atributo
da entidade que, justamente, por estar na posição em que está, tem maiores e
melhores condições de avaliar as necessidades do coletivo, organizando o
trabalho da melhor forma possível.
Contudo, infelizmente, é cada vez mais comum que os
dirigentes acabem por assumir esta função, transformando a entidade-chefe em
mera espectadora da casa que dirige.
É por esta razão que, não raro, os terreiros vivem cheios
de conflitos internos, pois o dirigente acaba assumindo um papel que não lhe
cabe, justamente, por não ter os meios que as entidades possuem para ver tão
longe.
Cargos e funções
Já tivemos a oportunidade de estudar que as pessoas que
exercem uma tarefa espiritual são preparadas espiritualmente para isso. Assim,
quando a entidade-chefe convida alguém a exercer um cargo, não se trata de favoritismo,
é simplesmente o reconhecimento do mérito da mesma e o cumprimento da sua
tarefa espiritual.
Se realmente é a entidade quem dirige o terreiro e não o
dirigente querendo fazer politicagens, ela sempre nomeará as pessoas certas
para os cargos certos que, como dito no capítulo anterior, possuem uma glória
mais imaginária que real.
Da mesma forma, se a entidade-chefe determina esta ou
aquela função a esta ou aquela pessoa, é por entender que, no momento, é o
melhor ela.
Assim, deveríamos estar contentes pelo simples fato de
pertencermos a uma casa que, em última instância, não tem obrigação alguma de
nos acolher, mas ainda assim nos acolhe.
Respeito
O respeito às determinações da entidade-chefe é o principal
pilar do bom convívio no terreiro, pois a responsabilidade sobre os ombros
desta entidade é enorme.
Assim, ela tem o direito e, mais, o dever de buscar sempre
o melhor pensando no coletivo. É por esta razão que, frequentemente, adverte,
chama a atenção, corrige, direciona ou mesmo suspende e expulsa um membro do
terreiro, caso assim se faça necessário.
De modo geral, é muito tolerante, investindo em qualquer
possibilidade de melhoria e reabilitação de um filho de fé, mesmo quando todo o
restante da equipe já perdeu a esperança de “conserto”.
Abertura
Contudo, diferente do que possa parecer a princípio, os
encarnados não devem seguir cegamente tudo que a entidade-chefe lhes diga, até
por que, para se manifestar, ela precisa falar através do dirigente e, como
médium, ele também é passível de erro.
Assim, tudo precisa passar pelo crivo da razão e do
bom-senso.
A entidade-chefe está sempre aberta a ouvir as opiniões de
todos, embora aceitar ou rejeitar tal proposição seja uma atribuição
exclusivamente sua, não se trata de um procedimento tirânico em que um manda e
outro executa de qualquer maneira: nós precisamos dela, tanto quanto ela
precisa de nós.
O que deve ficar claro, no entanto, é que existem
atribuições que competem às entidades e atribuições que são exclusivamente de
cunho humano, cada um cuidando do que lhe compete e, juntos, executando um
trabalho nos dois planos da vida.
Conclusão
Na Tenda Espírita Nossa Senhora da Piedade, até hoje, o
Caboclo das Sete Encruzilhadas é chamado de: chefe.
E isto por uma razão simples: ele era realmente o chefe
da casa, não o Zélio, seu médium, cuja função se limitava a administração
humana da casa, enquanto o caboclo fazia a gestão espiritual, decidindo como
deveria ser o trabalho, quem entra ou quem sai, quem assume ou deixa de assumir
tal tarefa, etc.
Infelizmente, essa separação de responsabilidades está cada
vez mais rara à medida que, infelizmente, os dirigentes é que estão assumindo
as atribuições que cabem aos espíritos.
Até o próximo estudo!
Leonardo Montes
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