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As giras de caridade são a porta de entrada de muitos para
o universo da Umbanda e mesmo para o desenvolvimento de suas mediunidades.
Trata-se de uma atividade pública gratuita, aberta a todos, onde se pode
consultar e receber passes das entidades.
Gira de caridade
A gira de caridade (ou gira pública) é a principal
atividade do terreiro e o objetivo final do processo de desenvolvimento
mediúnico: os médiuns não se desenvolvem para se deslumbrarem com suas
faculdades, mas para que sejam instrumentos de paz e conforto espiritual.
A gira é o momento em que o corpo mediúnico do terreiro se
reúne para receber os guias que atenderão um a um os consulentes que dela
participarem.
É nas giras que se pode obter conselhos e diretrizes para a
vida, além de receber passes e/ou tratamentos espirituais visando a melhora da
saúde física, mental e espiritual.
Em resumo: é um misto de consultório terapêutico e
enfermagem espiritual.
Aos consulentes
Consulentes são as pessoas que frequentam a gira para se
consultar. Qualquer pessoa pode participar e se beneficiar da mesma. Contudo,
gostaria de sugerir algumas dicas aos consulentes:
1. Vá com
roupa condizente a um espaço religioso (isto é, nada de roupas escandalosas ou
que deixem o corpo à mostra, tanto para homens quanto para mulheres);
2. Ao
entrar no terreiro, procure se desligar do mundo lá fora. Mantendo o silêncio e
a concentração. Se precisar conversar, fale baixo e seja breve;
3. Deixe
o celular no silencioso ou mesmo desligado (já que não poderá atende-lo), e de
forma alguma fique mexendo no mesmo;
4. Nunca
se esqueça do valor da oração. O trabalho começa antes da gira e se estende
para depois dela. O consulente que ora já está no meio do caminho para receber
o que procura.
Essas cinco dicas simples são fundamentais para se ter uma
boa experiência dentro de um terreiro. Infelizmente, contudo, a imensa maioria
dos consulentes dos terreiros são mal-educados, conversando o tempo todo
durante a gira, mexendo no celular ou mesmo rindo e fazendo brincadeiras...
Em matéria de espiritualidade, silêncio e concentração são
fundamentais. O consulente que fica disperso a gira inteira, ao entrar para o
passe, receberá apenas uma fração do que poderia receber, já que seus
pensamentos dispersos funcionarão como escudo, repelindo as boas energias das
entidades...
Entrada para o Congá
Geralmente, as casas pedem que as pessoas tirem seus
calçados ao entrarem para o passe. Isso acontece pelo mesmo valor simbólico
explicado no início deste curso: os pés descalços simbolizam a igualdade
entre todos.
Ao se aproximar da entidade, deve-se cumprimenta-la,
mantendo, em seguida, o pensamento elevado na oração para receber melhor o
passe.
Na sequência, a entidade provavelmente dirá alguma coisa ou
perguntará se o consulente deseja falar algo. É neste momento que a pessoa deve
conversar sobre o que desejar.
Depois da conversa, a entidade se despede e o consulente
pode se retirar, voltando ao seu lugar na assistência.
Aos médiuns
A gira é de fundamental importância não apenas para os
consulentes que dela se beneficiarão, mas também para os médiuns, pois é o
momento do exercício da caridade, é a coroação do esforço, a razão principal de
ser e estar na Umbanda, por isso, não pode ser negligenciada.
Infelizmente, contudo, é muito grande o número de médiuns
com pouca força de vontade e ávidos por desculpas. Tudo é desculpa para faltar
ao trabalho: estava frio, estava quente, chovia, estava seco demais,
trabalhei até tarde, não dormi direito, etc.
Eu conheci uma senhora que morava na Áustria e que
frequentava, semanalmente, um centro espírita na Bélgica. Sempre que eu contava
essa história para alguém, as pessoas me diziam:
- Ah, mas para ir toda semana de um
país para outro tem que ter muito dinheiro!
Ao que eu respondia:
- Tem mesmo. Mas, antes, tem que
ter vontade!
Eu me desenvolvi numa casa onde uma família inteira vinha
do interior de SP toda semana para poder fazer o desenvolvimento (400 km, ida e
volta). Eles deixavam tudo pronto em casa para chegar do serviço e sair sem demora,
chegando no terreiro sempre com antecedência, ao passo que pessoas que moravam
no mesmo bairro do terreiro viviam chegando em cima da hora, quando não
faltavam sem maiores justificativas.
O médium que falta sem se justificar e que não se interessa
em saber sobre o trabalho que aconteceu é um inconsequente, cuja consciência
ainda está adormecida... O médium responsável, todavia, sempre que precisa
faltar, além de sentir um aperto no coração, procura tudo fazer para minimizar
a sua ausência.
Contudo, é preciso não ver em minhas palavras uma espécie
de “ditadura da mediunidade”. A vida é dinâmica e todos nós podemos ter mil
compromissos. Ninguém precisa sacrificar o aniversário da avó para estar no
terreiro. Contudo, é preciso entender que existe enorme diferença entre faltar
de vez em quando e ir de vez em quando.
Conclusão
A gira é o principal evento espiritual no terreiro e que
beneficia a todos: consulentes, médiuns e cambones. É o momento em que a
espiritualidade está mais próxima de nós, ombro a ombro, auxiliando com suas
energias e palavras, de modo que nossas forças físicas, mentais e espirituais
são reabastecidas. Daí sua importância!
Até a próxima aula!
Leonardo Montes
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