COMPORTAMENTO NO TERREIRO: RESPEITO

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Vou dar início hoje a uma série de textos aqui no blog sobre comportamento no terreiro. São reflexões que nos ajudam a avaliar a nossa própria postura dentro do terreiro.

Para dar início a esta série, começarei com o seguinte assunto: respeito no terreiro.

A primeira coisa que precisamos considerar é que o terreiro é um espaço coletivo e, como tal, não pode ser visto como uma extensão da nossa casa material. Em nossa casa, podemos andar sem camisa, ouvir som alto, comer em qualquer lugar, afinal, a casa é nossa e ninguém pode nos dizer o que devemos ou não fazer num espaço que é nosso.

O terreiro, porém, é um espaço coletivo, assim, uma primeira maneira de exercitar o respeito é, justamente, tratando-o como um espaço sagrado: eu não posso (e não devo) fazer no terreiro o que eu faria na minha casa!

A segunda coisa que precisamos considerar são as relações interpessoais. O desejável seria que todas as pessoas do terreiro se vissem como irmãs. Porém, na prática, sabemos que isto não é possível. Por uma razão ou outra, alguém sempre se sentirá mais próximo de um e mais distante de outro. O que resta, portanto, é tratarmo-nos com carinho e consideração.

Não importa quem seja ou o que tenha feito, se partilha conosco de um mesmo espaço sagrado, no mínimo, é preciso que haja cordialidade e consideração.

É comum encontrarmos no terreiro famílias reunidas: pais, mães, filhos, netos, primos, etc. O terreiro é um ótimo lugar para reunir a família, contudo, apresenta também seus desafios.

Dentro de um terreiro, ideologicamente falando, todos são irmãos. Logo, não existe distinção entre uma e outra pessoa. Contudo, é muito comum vermos pessoas que não sabem lidar com esse parentesco, tratando o pai, a mãe, o filho, o neto, o primo como se estivessem em sua própria casa, muitas vezes, até de forma ríspida e, não raro, na frente dos consulentes.

Não quero dizer que seja preciso nos tornarmos robôs. Não, pelo contrário. A alegria deve estar presente. 

Porém, a partir do momento em que todos vestem o branco, não há mais pais, mães, filhos, netos ou primos perante a espiritualidade, todos fazem parte da corrente da casa e devem se tratar com educação e respeito, independentemente de quaisquer divergências lá fora.

A terceira coisa que devemos considerar é o silêncio. Antigamente, os terreiros mantinham uma plaquinha: silêncio e prece. E não era sem razão que mantinham essa plaquinha, já que o silêncio é fundamental para que haja concentração.

Quando um membro da corrente chega no terreiro, ele pode, naturalmente, cumprimentar a todos, trocar rápidas palavras com os presentes, mas é de suma importância que permaneça em silêncio e em seu lugar.

Observe: aqueles médiuns que chegam sem alarde, falando baixo, dirigindo-se para seu cantinho, onde arrumam as coisas de seus guias e depois permanecem em oração, são sempre os médiuns mais seguros e disputados pela consulência.

Já os médiuns que não param quietos, que entram e saem toda hora da corrente, que ficam mexendo no celular, cochichando, brincando, estão sempre em crise, sempre em dúvida, sempre na incerteza sobre suas próprias incorporações e isso não é sem razão: postura é tudo em matéria de mediunidade!

Além do mais, falar alto no terreiro, rir de maneira escandalosa, contar uma piada picante ou mesmo abordar assuntos diversos, deveria ser visto como falta de respeito, tanto pelo local quanto pelas pessoas, além de atrapalhar os que estejam em concentração e isto vale tanto para os membros da corrente quanto da consulência.

Enfim, muitas outras coisas poderiam ser ditas sobre o respeito, mas creio que estas sejam a base para todas as demais.

Leonardo Montes

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