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Ponto riscado trazido pelas entidades como símbolo do nosso terreiro |
Pontos riscados são símbolos grafados pelas entidades com a
finalidade de se identificarem ou usados com propósitos espirituais bem
definidos como pontos de firmezas ou de assentamentos.
Passado
Antigamente (e, principalmente, devido as distâncias
geográficas e escassa comunicação), acreditava-se que os pontos riscados eram
símbolos universais.
Assim, se um preto-velho, por exemplo, Pai Joaquim de
Angola, riscasse um determinado ponto, acreditava-se que todos os demais guias
que se apresentassem como Pai Joaquim de Angola riscariam o mesmo símbolo.
Isso fez surgir, aliás, livros contendo pontos riscados de
diversas entidades e que foram (e em alguns lugares ainda são), usados como “manuais”
para se confirmar a veracidade da manifestação.
Exemplo:
Um médium novato alegava receber o Caboclo Cobra Coral, o dirigente
então mandava riscar o ponto e recorria ao livro de pontos que possuía para
confirmar se de fato era a entidade, pois os desenhos deveriam ser iguais.
Era um procedimento ingênuo, que atribuía excessiva confiabilidade
ao autor do livro, ao mesmo tempo que incentivava o animismo, pois
frequentemente o médium, inseguro, pesquisava antes o “ponto riscado de tal
entidade”, para na hora do teste, simplesmente copiá-lo...
Felizmente, contudo, é cada vez maior o número de adeptos
esclarecidos que compreende que os pontos riscados, assim como as entidades,
são únicos para cada guia.
Assinatura
O ponto riscado tem o valor de uma assinatura, uma
assinatura simbólica e, por esta razão, é único para cada entidade: existem pontos
semelhantes, mas eles nunca serão iguais, pois as entidades também não são
iguais, embora, muitas vezes, apresentem-se com um nome de falangeiro comum.
Dois Pai Joaquim de Angola (seguindo no exemplo citado
anteriormente), não riscarão o mesmo ponto, embora partilhem o mesmo nome,
assim como dois médiuns com nome Leonardo no terreiro, embora partilhem o mesmo
nome, não terão a mesma assinatura.
O ponto riscado é a forma simbólica da entidade se
identificar para os encarnados.
Símbolos
Nós vivemos uma cultura muito pobre em termos simbólicos,
atualmente. Algo que foi sumamente importante na história da
humanidade, hoje em dia, é praticamente ignorado por boa parte da sociedade e
no terreiro não é diferente.
Eu ainda me espanto com a falta de interesse dos próprios
médiuns que, não raro, nunca se perguntaram (e – mais, nunca perguntaram as
entidades), o que significam os símbolos que elas riscam em seus pontos.
A maioria simplesmente se contenta em saber que o desenho
está certo e não dedicam maior tempo a isso.
Entre os símbolos que normalmente aparecem nos pontos
riscados, podemos destacar: sol, estrela, lua, cruzeiro, tridente, flor, foice,
árvore, machado, espada, lança, flecha, etc.
Por outro lado, herança do tempo em que se recorria aos
livros de pontos, surgem diversos manuais procurando dar uma explicação universal
ao uso de cada símbolo, o que nem sempre se verifica na realidade. Por esta
razão, na dúvida, o melhor é sempre perguntar para a entidade.
Linguagem simbólica
Num ponto riscado pode-se saber muito sobre uma entidade
sem que ela tenha dito uma única palavra. Na maioria das vezes, pode-se saber a
falange e, não raro, até mesmo em qual vibração aquela entidade trabalha,
simplesmente, observando seu ponto.
Este conhecimento não se adquire lendo autor A ou B que,
quase sempre, registraram apenas suas próprias experiências, embora, não raro,
cressem que suas observações tivessem efeito universal...
Tal aprendizado se faz em terreiro, dialogando com as
entidades, observando os pontos riscados, entendo como cada símbolo se encaixa
dentro do ponto. Por esta razão, não apresentarei nenhum resumo, mas deixo o
convite, instigando a todos os interessados, que procurem estudar mais sobre
isso, diretamente com as entidades.
Pontos de força
Quando uma entidade risca seu ponto no chão (ou numa tabua,
ou num azulejo, numa pedra, etc.), ela não está apenas apresentando a sua
assinatura simbólica, mas criando um ponto de força dentro do terreiro.
Tanto é que, normalmente, depois de riscado o ponto no chão
(energia da terra), a entidade coloca uma vela acesa (energia do fogo), coloca
também um copo com água (energia da água) e bafora a fumaça do seu cachimbo ou
do seu charuto (energia do ar), formando um pequeno ponto de imensa força espiritual
dentro do terreiro.
Deste ponto a entidade muitas vezes retira energia.
Por exemplo:
É comum que ao dar um passe de limpeza, a entidade
direcione a mão do médium até a chama da vela, retirando a energia do fogo,
para em seguida continuar o passe no consulente.
Porém, o ponto também pode servir para absorver energia.
Por exemplo:
A entidade dá passes de descarrego, direcionando a mão do
médium como se estivesse jogando algo na chama da vela (muitas vezes, fazendo a
vela trepidar) ou no copo com água (deve-se ter muito cuidado com esta água,
que deve ser descarta sem entrar em contato com o corpo do médium).
Considerações
Muitas outras coisas poderiam ser distas sobre os pontos.
Porém, como este é um curso básico e direcionado aos leigos, creio que seja o
suficiente.
Como se pode ver, não se trata de riscar “solzinho, estrelinha
e flechinha” no chão, os pontos têm significados e forças muito profundos,
cabendo apenas aos interessados se aprofundarem ou não neste universo.
Até a próxima aula!
Leonardo Montes
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