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Em várias culturas, as bebidas
alcoólicas tomam lugar nas cerimônias religiosas. Um exemplo clássico se dá com
o próprio catolicismo, através do vinho, tomado como símbolo do sangue de
Jesus.
Na Umbanda, porém, as bebidas
não assumem apenas uma função simbólica, mas energética, desempenhando funções
muito importantes dentro dos trabalhos espirituais.
Contudo, tal qual acontece ao
fumo, há enorme espanto para o leigo quando vê as entidades bebendo. Imediatamente associam a bebida dentro do terreiro com o boteco da esquina e
imaginam que são consumidas com o mesmo propósito.
Energia
O álcool possui uma energia
muito forte. Quando consumido, ajuda a fortalecer o transe, amortecendo a consciência
do médium, ao mesmo tempo que oferece uma energia tão forte quanto a do fogo
para trabalhos de limpeza e descarrego.
Não é sem razão que muitas
entidades utilizam pinga (marafo) para fazer limpeza das guias antes de cruzá-las,
por exemplo. A energia do álcool é tão poderosa que as entidades a manipulam
para desagregar qualquer energia grosseira dos objetos e também das pessoas.
Lembro-me certa vez de uma
entidade jogar pinga (direto da garrafa), na ferida da perna de uma senhora, enquanto
baforava fumaça do charuto, e tive a impressão, por um segundo, de que larvas
astrais caiam daquela ferida (e era justamente o que impedia a cicatrização).
Bebidas
Várias são as bebidas alcoólicas
utilizadas em terreiro: vinho, pinga, champanhe, conhaque, uísque, etc.
Cada bebida possui uma energia própria e é manipulada com maestria pelas
entidades a fim de realizarem seus trabalhos.
O preto-velho que trabalha
comigo bebe vinho e praticamente direciona essa energia para fortalecer o transe
mediúnico e amortecer a minha consciência, para que possa agir mais livremente.
Já o exu consome conhaque
(preferencialmente, de alcatrão), e usa bastante desta força para descarregar
as pessoas da casa, portanto, uma energia muito eficiente para limpezas profundas.
A pombagira costuma beber uma
sidra semelhante ao champanhe, com baixo teor alcoólico, produzindo uma energia
muito sutil se comparada a avassaladora força do conhaque, por exemplo.
Existem fundamentos
específicos de cada bebida para cada entidade, mas as particularidades deste
assunto são próprias para quem esteja em terreiro. Ao leigo, interessa saber
apenas que as bebidas possuem energias e as entidades as manipulam de diversas
formas, atendendo a diversos fins, todos sempre muito úteis dentro de um
trabalho espiritual.
Ingestão
Diferentemente do que ocorre
com o fumo, quando as entidades apenas seguram a fumaça na boca do médium, sem
de fato tragá-la (isto é, elas não engolem a fumaça), a bebida é ingerida, vai
para o estômago do médium, sofre o processo de digestão e o álcool cai na
corrente sanguínea.
Por esta razão, é muito
importante dizer que a bebida é o elemento mais perigoso em sua manipulação,
pois se o médium não estiver firme em seu propósito, se passar à frente,
bebendo pela entidade, sem dúvida alguma sofrerá as consequências do exagero em
seu próprio corpo.
Em um uso saudável, dentro de
um trabalho espiritual, as entidades manipulam o álcool em intensidades variáveis
conforme as demandas do momento. Se o trabalho estiver muito pesado, podem
aumentar o consumo; se não estiver tanto, podem abaixá-lo, justamente, por que
o objetivo não é beber para satisfazer uma vontade, um vício, mas para realizar
um trabalho.
Quando o álcool é decomposto
no estômago do médium, a energia do mesmo é liberada e absorvida pela entidade,
que dará o direcionamento adequado. É este processo que faz com que o médium
seja capaz de ingerir quantidades por vezes superiores a que uma pessoa comum
conseguiria suportar sem que fique bêbado.
Assim, as entidades absorvem a
energia, mas a matéria, isto é, o liquido, continuará no corpo do médium, razão
pela qual, quase sempre, basta terminar a gira para que vá logo ao banheiro urinar...
Contudo, vale lembrar o que
foi dito no capítulo passado: não existe transformação de energia sem perda,
isto quer dizer que as entidades não conseguem absorver todo o álcool ingerido,
sendo que uma parte, ainda que bem pequena, sempre ficará na corrente sanguínea
do médium. Entretanto, quando o trabalho se encerra, o médium deverá estar
normal.
Dica: depois de um trabalho
com uso de álcool, beba muita água.
Uso e abuso
É preciso nunca esquecer que
dentro de um trabalho espiritual a bebida assume aspecto sagrado. Portanto, sua
manipulação deve ser feita de maneira consciente, dentro de critérios justos.
Assim, se no passado era
comum ouvirmos histórias de médiuns que viravam uma garrafa “no bico”, hoje isso
seria algo sem propósito, um verdadeiro exagero, senão, exibicionismo mediúnico
e provavelmente afetaria a saúde do médium a longo prazo...
Por todos esses cuidados é que
a bebida alcoólica é o último elemento a ser utilizado no desenvolvimento, só
mesmo quando o médium está muito firme com suas entidades, a fim de que não
haja exageros.
Em nossos trabalhos com exus,
por exemplo, o chefe determinou que fossem consumidos, no máximo, dois dedos de
bebida e essa margem tem sido suficiente para nossas atividades.
Saúde
Uma das grandes preocupações
dos médiuns novatos é a própria viciação. Será que vou aprender a beber, se
minhas entidades beberem? A resposta é: absolutamente, não!
Se você fizer um
desenvolvimento adequado, aprendendo a separar o que seja seu daquilo que é da
entidade, você não terá com o que se preocupar. Eu não faço uso de bebidas alcoólicas
e quase todas as entidades que trabalham comigo bebem e jamais tive interesse
em beber por conta disso.
Outra preocupação: já tive problemas
com o álcool e tenho medo de recaída, como faço?
O fato de ter medo da recaída
mostra que o médium ainda não está forte o suficiente para encará-la. Neste
caso, a entidade naturalmente não fará uso ou pedirá que apenas seja colocada
num copo que deixará ao lado, absorvendo a energia à distância.
É preciso lembrar que nossos
guias são os seres que mais se preocupam com a nossa evolução. De forma alguma farão
algo que possa nos prejudicar, sendo muito mais temerário o médium passar à
frente da entidade, bebendo por seu próprio desejo, do que pensar que as
entidades irão fazer algo que possa prejudicar a saúde do médium.
É importante lembrar que, como
dito anteriormente, sempre fica um resíduo no médium, por isso, recomenda-se que em trabalhos em que haja uso de álcool, o médium não dirija.
Obrigatoriedade?
O uso da bebida alcoólica,
embora comum, não é obrigatório dentro da religião. Existem entidades que fazem
uso e outras que não fazem. Existem entidades que manipulam água, por exemplo,
e não há nada de errado nisso.
Entidades que lidam com
questões mais densas, como limpezas, descarregos e desobsessões, costumam fazer
uso do álcool, já entidades que trabalham mais a nível mental ou com curas, usam
pouco ou mesmo não utilizam.
O erro reside sempre em
atribuir uma pecha negativa, algo de inferior à entidade que faz uso do álcool,
à medida que se atribui algo de superior à entidade que não faz uso.
Cada entidade age de uma
determinada maneira, tem como foco do seu trabalho um determinado campo que
pode necessitar ou não do uso deste ou daquele elemento. Simples assim: nem
mais, nem menos.
Até a próxima aula!
Leonardo Montes
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