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Imagem do Pintrest |
O homem primitivo sempre
percebeu o valor (real e simbólico) da natureza. Mais do que isso: sempre viu a
natureza como sua grande casa e seu refúgio, onde obtinha o necessário à sua
sobrevivência e para onde deveria voltar, um dia, quando seu corpo já não mais
vivesse.
É assim que, de uma forma ou
de outra, todas as culturas estabeleceram alguma relação de sacralidade com a
natureza ao seu redor. Na Umbanda não é diferente: a natureza é extremamente importante
para a religião.
Portais
As tradições místicas de vários
povos nos falam a respeito de portais, isto é, lugares na natureza em que
encontraríamos passagem para um mundo novo.
Quando estes lugares eram
descobertos, quase sempre, por revelações espirituais, os povos criavam alguma
espécie de templo ou santuário buscando sacralizar o mesmo.
Como quase sempre ocorre, além
das narrativas folclóricas, há um quê de verdade nessas histórias.
O portal, contudo, não é um
local místico que nos levaria para um outro lugar do planeta ou mesmo para um
outro planeta. São locais em que as distâncias entre as esferas espirituais são
menores e por onde os espíritos normalmente atravessam de um plano para outro.
O espírito André Luiz, através
de Chico Xavier, chamou estes locais de “campos de saída”. Assim, mais uma vez,
vemos que as coisas sagradas sempre foram conhecidas, se bem que com nomes
diferentes.
Os portais são verdadeiras “estradas
espirituais” ligando um plano a outro. Caminhos que os espíritos tomam para
passar de um plano a outro de forma mais rápida.
Aos olhos humanos, nada há no
local que indique a existência de um portal. Contudo, é provável que alguém
mais sensível perceba a energia do mesmo, pois geralmente são cercados de
intensa movimentação espiritual e também protegidos por diversos espíritos, a
fim de que entidades menos evoluídas não façam a travessia: é preciso ter
evolução compatível.
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Stonehenge, na Inglaterra. Local onde os guias me disseram ter havido um portal há muito tempo. |
Tais portais não são raros nem
fixos. Se por acaso a ação humana chegar até ele, certamente, os espíritos o
mudarão de posição: tudo é fluido e movimento na espiritualidade, embora as
ideias humanas, quase sempre, desejam a cristalização...
Estes portais, sempre ligados a
áreas de muita natureza, surgem por vezes nas águas de um rio, no coração de
uma mata densa, no topo de uma serra, etc. Ao redor dos mesmos, os espíritos
quase sempre edificam vilas ou postos de assistência, preferindo muitas vezes
trabalhar neste ambiente pela abundância de fluido vital.
Fluido Vital
A expressão “fluido vital” foi
usada por Allan Kardec para definir uma espécie de energia-motriz da matéria.
Algo que todo ser vivo possui e que é responsável por manter e sustentar a vida
orgânica.
O fluido vital pode ser
transmitido de um individuo para outro e é isto, aliás, que ocorre através do
passe. Contudo, não apenas as pessoas possuem fluido vital, mas todos os seres
vivos.
Conforme as cidades avançam e
o homem praticamente aniquila toda a natureza ao seu redor para dar lugar a casas,
prédios e ruas, a “concentração” de fluido vital naquele local também se torna
menor, mais rarefeita.
É por esta razão que um
trabalho espiritual realizado em meio a natureza será sempre mais forte do que um
realizado em uma área urbana (e quem já fez poderá confirmar) e daí a importância
de termos sempre plantas em nossas casas, pois elas são excelentes produtoras
desta energia...
Um ambiente natural, isto é,
sem ação predatória humana, conservará sempre (qualquer que seja a sua biodiversidade)
uma alta taxa de fluido vital que é manipulada pelos espíritos para diversos
fins e é por isso que, frequentemente, eles prefiram erguer acampamentos ou bases
operacionais em áreas verdes.
Os povos antigos também sabiam
disso e daí nasceram tantos contos e mitos de seres espirituais vivendo entre
as árvores, no leito de um rio, no coração de uma montanha, etc.
Para poder agir mais e
melhor em favor do ser humano, os espíritos frequentemente recorrem à força da
natureza, a energia das plantas, dos animais. Energias estas que manipulam e
trazem consigo até nossas cidades, nossas casas, nossos terreiros.
Por esta razão, o umbandista
tem razão mais do que de sobra para tudo fazer em benefício da natureza.
Pontos de força
Partindo dos portais,
anteriormente citados e dos acampamentos espirituais que se estendem, muitas
vezes, no meio de áreas verdes, chegamos ao conceito de “ponto de força”.
Dentro da Umbanda, um “ponto
de força” é o local ideal para realizar uma oferenda (estudaremos mais sobre
elas no capítulo seguinte), como se, ao realizar a oferenda naquele local, ela se
tornasse “mais bem aceita” ou mais “facilmente entregue”, etc.
Perceba que se trata do mesmo
princípio que abordamos anteriormente, porém, levado por algumas correntes de
pensamento de forma literal. Há mesmo algumas casas de Umbanda que literalmente
oferendam apenas nos locais correspondentes a cada Orixá/guia.
Da forma como trabalhamos, não
há necessidade de você encontrar uma montanha para oferendar à Xangô, por
exemplo, você pode fazer isso dentro de uma mata (que classicamente é atribuída
aos domínios de Oxóssi) e não há problema algum, pois além dos mitos, nós
enxergamos a essência da natureza que comentamos anteriormente.
Da mesma forma, você não
precisa procurar a esquina de alguém para poder fazer um agrado para exu, você
pode fazer isso no terreiro ou, se houver permissão, na garagem da sua casa
mesmo, pois se o exu pode ir até o terreiro para incorporar, por que não pode
ir para receber a oferenda?
Toda a natureza se converte num ponto de força e é por isso que se trata de algo tão importante para nós. Ao realizarmos uma gira no meio da mata, por exemplo, estaremos trabalhando dentro de um "ponto de força", dentro de um ambiente carregado com fluido vital e que certamente beneficiará nossos corpos e nossos espíritos.
Assim, o que importa, ao buscar a
natureza, seja ela um rio, uma mata, uma serra, um campo, é que você consiga se
desligar do agito da cidade e consiga, através da sua oferenda, estabelecer um
elo material para um sentimento imaterial, ligando sua mente a energia do
local, pois seja na praia ou na roça, se você estiver de coração, as forças que
você evoca responderão, trazendo a você todos os benefícios possíveis através
da força da natureza.
Até a próxima aula!
Leonardo Montes
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