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Quando iniciei meus estudos
sobre a Umbanda com as entidades, uma das primeiras regras que elas me impuseram,
foi: Você deverá passar aos outros o que
aprender, pois o conhecimento não pode ficar apenas com você e nunca deverá
cobrar nada por isso.
De lá, para cá, criei vários
grupos de Whatsapp (muitos ainda funcionando com outras pessoas no comando),
escrevi dois livretos, criei um canal no YouTube que já consta com mais de 38
mil inscritos e mais de dois milhões de visualizações (sem monetização) e agora
este blog totalmente focado na Umbanda, fora as atividades semanais em nosso
terreiro.
Eu - ainda pequenino no
universo da espiritualidade -, um médium de corrente como qualquer outro,
cumprindo o que me foi pedido pela espiritualidade e munido de boa-vontade, ao
fazer tudo isso, fiquei a pensar: o que não poderiam fazer estes grandes estudiosos
da religião que possuem décadas de experiência e conhecimentos muito maiores
que os meus?
Se procurassem fazer uso dos
meios tecnológicos (e gratuitos) existentes hoje em dia para colocar seus
conhecimentos, seus cursos, seus saberes, ao alcance de qualquer um que se
dispusesse a aprender, que contribuição
dariam à religião!
Porém, boa parte resolveu por
preço em seus conhecimentos...
Quando comecei a estudar sobre
a religião também fiz esses cursos. Achei maravilhosa a ideia de poder
aprender, à distância, aquilo que ninguém podia me ensinar (já que não fazia
parte de nenhuma corrente) e me encantei com esse universo até que, um dia, fiz
um curso muito fraco, com tutor totalmente despreparado, ríspido às dúvidas dos
alunos e me desanimei. Nem cheguei a “pegar” meu certificado...
Pouco tempo depois recebi um
email do tutor agradecendo aos 1.500 alunos que fizeram parte do referido
curso, cada um pagando algo em torno de R$ 68,00 reais: 1.500 x 68 = R$ 102.00,00
(Cento e dois mil reais).
No prazo de um mês, com alguns
vídeos bem “mixurucas”, aquele curso arrecadou mais de cem mil reais!
E isso virou uma indústria que
cresce a cada dia (já com vários concorrentes) que lançam cursos toda hora,
buscando convencer o umbandista e/ou simpatizante da necessidade de estudo (o
que é ótimo), sobre a possibilidade de aprender pela internet (o que é
maravilhoso), desde que se pague por isso (o que é péssimo).
Este novo conceito,
entretanto, não se restringe apenas ao ambiente virtual, pois também se tornou
comum em vários terreiros a cobrança pelo ensino...
Para a cobrança dos cursos dentro
dos terreiros, a justificativa é que não se deve cobrar o atendimento
espiritual que é feito pela entidade (que não precisa de dinheiro), mas o
ensino não tem problema cobrar (pois é o tempo do estudioso) e não um trabalho
espiritual.
Contudo, pergunto, e a caridade?
As entidades não cobram por
que trabalham para a caridade e não porque não precisam de dinheiro (apesar de
não precisarem). Da mesma forma, o médium, o dirigente, enfim, quem quer que
seja, deveria fazer o mesmo, passando adiante as informações que possui sem
nunca esperar retribuição financeira por isso!
Há algum tempo vi uma chamada
no facebook sobre um workshop sobre as ervas, realizado em um terreiro e que
seria transmitido ao vivo pela internet. Fiquei vivamente interessado, mas ao
buscar informações, descobri que a transmissão ao vivo seria feita num grupo
secreto do facebook e que, para entrar, precisaria pagar R$ 90,00 reais.
Desisti...
As entidades sempre me ensinaram
que o médium deve sobreviver do seu salário, fruto do seu trabalho, da sua
profissão e nunca – repito -, nunca do seu saber espiritual ou da sua
mediunidade: não é ético, não é moral, não é normal! Deve-se viver “para a
Umbanda” e não “dá Umbanda”...
Há pouco tempo recebi um email
de um terreiro anunciando que faria desenvolvimento mediúnico (diga-se: Curso de) e que
pedia uma contribuição mensal (MENSAL) de mais de cem reais por pessoa, dizendo
que haviam APENAS 150 vagas. Vamos fazer as contas, novamente?
150 x 100 = R$ 15.000,00 reais
mensais para realizar algo que as entidades fazem de graça em qualquer terreiro
que ainda não esteja contaminado pela sede do “vil metal”, conforme sempre
alertou o Caboclo das Sete Encruzilhadas.
É por esta razão que chamo a
atenção do leitor amigo que chegou até aqui: Não é normal se cobrar para
ensinar. Isso não pode ser passado adiante como algo corriqueiro, aceitável e
comum...
Há uma tentativa, por força da
influência dos meios de comunicação que estas pessoas possuem, de convencer os umbandistas
a aceitar a cobrança dos cursos como um recuso legítimo dentro da religião e
não é!
É certo que os terreiros
possuem gastos e estes frequentemente são bastante altos... Contudo, os guias
sempre me ensinaram que a espiritualidade ampara cada um em seu trabalho, de
modo que nenhum terreiro sério e firme fecha as portas por falta de recursos
que chegam, não raro, voluntariamente através dos frequentadores ou de ações
internas dos membros da própria casa.
Assim, faço um apelo à
consciência dos leitores deste texto para pedir-lhes que reflitam sobre tudo
que eu escrevi e se julgarem que estou em erro, por favor, continuem como acharem
melhor. Porém, se concluírem que tenho razão, peço que não alimentem esse tipo
de coisa, pois cada vez que você paga por um curso, você está contribuindo para
degeneração de um dos principais fundamentos da religião: A gratuidade.
Leonardo Montes
Boa Leonardo! Não trocaria 30 minutos de conversa com uma entidade ao pé de uma fogueira por uma hora de Skype com alguém que se acha o suprassumo da Umbanda. Gratidão!
ResponderExcluirSomos dois!
ResponderExcluirTenho a mesma linha de Pensamento Léo, dai de graça o que de graça recebeste
ResponderExcluirIrmão conheci seu Blog ontem, e tudo que tenho lido nele, tem muita semelhança com a forma que penso, continue sempre, axé abraço fraterno de um irmão umbandista!
ResponderExcluirGrato!
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